Plogging: nossa experiência no dia de sobrecarga da Terra
Na natureza não existe lixo
Lixo foi algo criado pela nossa sociedade de consumo e denominado a tudo aquilo que não tem valor. Portanto, se tiver valor, não é lixo.
Temos visto as cidades cada vez mais sujas, embalagens jogadas na rua de qualquer maneira, e aquela garrafa de água que hidratou nosso corpo após a corrida, a embalagem daquela barra de cereais que nos deu energia, aquela lata de refrigerante que nos trouxe alegria e o pote de iogurte que alimentou o bebê estão lá jogadas no meio da rua…
O valor da embalagem em ter transportado e protegido o alimento, em minutos, se perde após o seu consumo. Então é só jogar fora. Será? O que é fora?
O Sueco Erik Ahlstrom não aguentou mais esta situação e começou a catar todo o lixo que encontrava pela rua ao fazer o seu jogging matinal. E ainda reuniu os amigos para correr e catar lixo juntos. E assim deu origem a uma nova atividade física chamada #plogging que une esporte e meio ambiente.
Esta história logo se espalhou pelo mundo e no Instagram temos mais de 700 imagens que usam a hashtag e reúne vários corredores que apoiam um mundo com menos lixo!
Plogging no Brasil
Resolvemos lançar este desafio por aqui durante a Semana do Meio Ambiente deste ano (Junho 2018) e para testar esta nova prática nos reunimos com a CamelBak e o Instituto Grael para fazer o 1o Plogging de Niterói na praia da Jurujuba durante a Virada Sustentável 2018. Convidamos também a assessoria esportiva FF Sports para conduzir este diferente treino que tinha como propósito alinhar o nosso bem-estar físico com o bem-estar da natureza.
O treino reuniu alunos do instituto Grael, convidados da Virada Sustentável, atletas da região, treinadores interessados em conhecer esta nova modalidade de corrida e ainda a Consciência Peregrina, agência de comunicação que une meio ambiente e equilíbrio pessoal.
Treino e Lixo coletado
O treino durou meia hora e neste curto tempo, coletamos mais de 20 sacos de resíduos pela areia da praia e pela rua principal do bairro. A maioria deles, plásticos de embalagens de biscoitos, balas e bebidas, tampinhas de refrigerante e canudos. Além disso, encontramos também muito descarte como roupas, chinelos e isopor.
A atividade foi bem lúdica e causou um grande impacto em todos os envolvidos ao ver o reflexo da conveniência do nosso dia a dia e a percepção do que podemos alcançar ao trabalharmos juntos unindo esforços. Percebemos ainda outros benefícios do Plogging, que é o espírito de equipe e a sensação não somente de bem estar físico com o treino de corrida, mas o bem estar mental ao sentir que estamos fazendo algo de positivo para o meio ambiente e a nossa comunidade.
Mudança de atitude
Ao final da corrida fizemos a separação e triagem dos resíduos o que causou ainda mais impacto em todos os envolvidos, pois não temos ideia da quantidade de lixo que produzimos. Lembrando que não existe “jogar fora”: quando jogamos o lixo no chão, estamos passamos um problema que é de nossa responsabilidade para os outros e este resíduo pode acabar parando no mar, poluindo rios e oceanos.
Muitas das embalagens podem ser reutilizadas ou recicladas para recuperar o valor dos materiais e reduzir a exploração dos recursos naturais. Hoje, 1º de Agosto, atingimos o dia da Sobrecarga da Terra, um cálculo que é feito anualmente pela organização Global Footprint Network (link ao lado, aqui) que determina a data em que a terra atingiu a capacidade de se regenerar diante do nosso consumo e que a cada ano está sendo antecipada. Isto significa que estamos usando os recursos naturais mais rapidamente com que a terra tem a capacidade de regenerá-los. Utilizamos teoricamente, os recursos disponíveis para 12 meses em 8 meses. Portanto é importante refletirmos sobre nossos hábitos, atitudes e consumo.
Este evento serviu de piloto para pensarmos como levar esta atividade de forma mais ampla para mais assessorias esportivas conscientizando mais pessoas a não somente cuidar do corpo, mas também cuidar do nosso meio ambiente.
Afinal de contas somos nós que temos o poder de compra dos produtos, e decidimos a forma com que consumimos e descartamos nosso lixo.
O poder da transformação e geração de valor está na nossa mão: somos nós que optamos em deixar o material jogado no meio ambiente e virar lixo ou destiná-lo ao local correto para a reciclagem gerando valor e portanto eliminando a percepção de lixo, pois se tem valor, não é lixo.
A mudança começa em nós!
Que venha mais #plogging para cuidarmos da gente e da nossa casa, Planeta Terra.
*Artigo escrito por Beatriz Luz para o site da Camelbak Training Club. Link ao lado, aqui.