A Economia Circular representa um novo modelo macroeconômico de desenvolvimento, fundamentado na geração e manutenção de valor, sem a produção de resíduos. Este modelo oferece um crescimento mais equilibrado e qualificado, revolucionando as formas de produzir, consumir e se relacionar.
Na Economia Circular, não há espaço para expressões como “mais ou menos verde” ou “mais ou menos eficiente”. A eficácia não deve ser uma medida parcial; precisamos ser efetivos na oferta de produtos e serviços, e transformar a cultura dos negócios para alcançar um diferencial competitivo baseado em novos processos, métricas e relações. A verdadeira mudança vem com a aplicação de práticas que vão além da eficiência, pois apenas retardar o desgaste dos recursos naturais não é mais suficiente. Devemos agir de maneira disruptiva, repensando como lidamos com os recursos e como criamos valor.
O ponto de partida da Economia Circular pode ser o fechamento de ciclos, com a divisão de materiais em ciclos biológicos e tecnológicos. No entanto, a verdadeira transformação exige mais do que isso: é necessário estabelecer novas culturas de compra e venda de produtos, além de novas relações comerciais, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento de negócios mais sustentáveis. A transição não é apenas sobre novos negócios, mas sobre novas formas de negociação.
O principal objetivo dessa mudança é alcançar maior competitividade e produtividade em um mercado cada vez mais globalizado, que enfrenta a escassez de recursos e o senso urgente de lidar com as mudanças climáticas e a justiça social. E a boa notícia é que é possível alcançar crescimento sem depender da exploração dos recursos naturais, com novos modelos de investimento e retorno.
A Economia Circular não chega para resolver os problemas da Economia Linear; ela muda o sistema e antecipa soluções para os desafios. Produtos são projetados para durar, serem consertados e compartilhados, com modularidade e reutilização no centro da produção.
Nos modelos circulares de produção, não há resíduos. Tudo é planejado para ser retornado em ciclos reversos, seja dentro da mesma cadeia produtiva ou em outras. Isso evidencia a importância da integração da cadeia produtiva e do diálogo entre setores industriais, o agronegócio e a construção civil. Esses setores, ao se conectarem de forma mais colaborativa, estimulam a criação de soluções multissetoriais, novos modelos de negócio e, mais importante, geram benefícios reais para todos. Caso contrário, continuaremos a realizar ações pontuais e limitadas, sem atingir o verdadeiro impacto que a transformação exige.
A Economia Circular é, portanto, mais do que uma mudança de modelo econômico, é uma mudança de mentalidade. Uma mentalidade que, ao integrar diferentes áreas e promover a colaboração, transforma não apenas os negócios, mas o próprio futuro do planeta.
Trata-se de uma nova cultura de negócios, baseada em novos princípios, atitudes e relações, com foco na geração de valor, enfatizando a durabilidade, modularidade, remanufatura, reúso, desenvolvimento de serviços, compartilhamento e fontes de matéria-prima renováveis.
A transição para uma economia circular requer uma transformação sistêmica, ou seja, uma transição feita coletivamente: ninguém faz isso sozinho.
Mudanças estão acontecendo quase simultaneamente ao redor do mundo. Por isso, é essencial promover a integração e a colaboração entre os diversos elos da cadeia produtiva no mercado brasileiro, para gerar valor e escala, promover novos modelos de produtividade, empregos e relações comerciais, visando a um diferencial competitivo no mercado global.
O plano de ação circular europeu, aprovado em 2015, consiste em 3 áreas-foco:
Diante da pandemia da COVID-19, o senso de urgência voltado à revisão do modelo produtivo se agravou, e a Economia Circular tem sido a base dos planos de restauração econômica em vários países. O European Green Deal, plano de diretrizes de crescimento da União Europeia, lançado no final de 2019, já colocava a Economia Circular como prioridade número 1. Consequentemente, o Green Recovery Alliance mantém este compromisso em uma aliança de vários países europeus, que se comprometem a desenhar um plano de recuperação no qual a sustentabilidade está no centro do processo de decisão.
A Comissão Europeia estima que o setor manufatureiro, ganhará 600 mil milhões de euros anualmente; e a economia mundial beneficiaria em 1000 milhões de dólares anualmente.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) aponta que a Economia Circular tem o potencial de criar até 7 milhões de empregos no Brasil até 2030, com destaque para os setores de reciclagem, reúso e remanufatura.
Relatórios da Circle Economy indica que as estratégias de economia circular têm o potencial de diminuir as emissões globais de gases de efeito estufa em até 39%, desempenhando um papel fundamental na prevenção do colapso climático.
A Economia Circular representa uma oportunidade significativa para o Brasil, oferecendo benefícios econômicos, ambientais e sociais. Com a crescente pressão global para adotar práticas sustentáveis, a União Europeia lidera o caminho com seu plano de ação para a Economia Circular, com metas até 2050. Este plano destaca a importância de uma transição global para uma economia de baixo carbono e uso eficiente dos recursos, conceitos que são extremamente relevantes para a América Latina e, especialmente, para o Brasil.
Acordos globais estão sendo estabelecidos e diretrizes comuns para a gestão de recursos naturais estão sendo discutidas. O comércio internacional também terá que alinhar-se aos princípios da Economia Circular, o que cria uma necessidade urgente de adaptação para os países emergentes, incluindo o Brasil. Em resposta a essa necessidade global, o Governo Federal lançou, em junho de 2024, o Decreto nº 12.082, que institui a Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC). O objetivo da ENEC é transformar o modelo econômico brasileiro, promovendo a transição do modelo linear para a Economia Circular.
Esses eixos visam não apenas reduzir desperdícios e otimizar o uso de recursos, mas também impulsionar a inovação tecnológica e industrial no Brasil. A Economia Circular se diferencia do modelo linear tradicional, pois prioriza a não geração de resíduos e poluição, a circulação de materiais e produtos no mais alto valor possível ao longo de sua vida útil e a regeneração dos ecossistemas.
A adoção da Economia Circular no Brasil não se limita à preservação ambiental; ela também oferece oportunidades econômicas significativas. A implementação desse modelo pode levar à redução de custos, fortalecimento das cadeias produtivas e criação de novos modelos de negócios sustentáveis. Além disso, a Economia Circular pode gerar novos empregos em diversos setores, contribuindo para a inclusão social e o desenvolvimento sustentável do país.
Dessa forma, a Economia Circular não apenas responde às necessidades globais, mas se posiciona como uma chave estratégica para o futuro do Brasil, alinhando-se aos compromissos internacionais enquanto promove o crescimento econômico sustentável.
modelos permitem que as empresas gerem valor, se tornem mais competitivas e contribuam para a restauração do capital natural e social.
Os cinco modelos de negócios circulares definidos pela OCDE são:
Esses modelos não só reduzem custos e riscos, mas também contribuem para a sustentabilidade e criação de novos empregos e negócios. No Brasil, a implementação da Economia Circular pode transformar a economia e promover o desenvolvimento sustentável.
A governança circular envolve a criação de estruturas e processos que garantem a implementação eficaz da economia circular nas empresas e organizações. Ela se baseia em princípios de transparência, colaboração e responsabilidade, buscando integrar a sustentabilidade de forma estratégica em todos os níveis de decisão. Ao adotar uma governança circular, as empresas asseguram que suas operações estejam alinhadas com a preservação dos recursos naturais, a redução de resíduos e a promoção de práticas comerciais mais sustentáveis. Esse modelo de governança é essencial para transformar os negócios e criar um impacto positivo no meio ambiente e na sociedade, incentivando uma gestão mais eficiente e responsável.