Na “COP da implementação”, o gargalo da economia circular

Em sua coluna para “Um só Planeta”, Beatriz Luz, presidente do Instituto Brasileiro de Economia Circular (Ibec) e fundadora do Hub de Economia Circular Brasil, aborda o tema “Na ‘COP da implementação’, o gargalo da economia circular”. A autora destaca que, no contexto da COP30 em Belém, que marcará dez anos do Acordo de Paris, a Economia Circular deve ser vista não apenas como uma meta para as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) de mais países, mas, crucialmente, estar presente nos planos de ação nacionais com práticas que sejam financiáveis e implementáveis.

Beatriz Luz ressalta a urgência da ação climática, citando relatórios que indicam o risco climático como de curto prazo e a previsão de um aumento significativo na extração de recursos até 2060. Ela enfatiza que, embora o financiamento em energia limpa seja vital, ele aborda apenas cerca de 55% das emissões globais; os 45% restantes estão diretamente ligados à forma como usamos materiais, produzimos alimentos e gerenciamos resíduos, tornando a circularidade um elemento-chave para adaptação e mitigação dos impactos climáticos. Ignorar a circularidade em setores como cimento, plástico, aço, alumínio e alimentos, bem como na transição energética, pode resultar em soluções incompletas ou novos problemas.

A colunista argumenta que a transição para a circularidade requer o engajamento urgente das empresas e a inserção de novos modelos econômicos na equação climática. A visão circular é sistêmica e exige alinhamentos entre governos e a cadeia produtiva. Apesar de apenas 27% dos países incluírem a economia circular em suas NDCs até 2023, há uma oportunidade para o Brasil, aproveitando a força da sociedade civil e eventos como o Fórum Mundial de Economia Circular, que ocorrerá pela primeira vez na América Latina, em São Paulo.

Beatriz Luz conclui que clima, financiamento e economia circular formam uma agenda única de competitividade e desenvolvimento. Ela faz um apelo às lideranças para repensarem valores e atitudes, traçando metas circulares, criando alianças e desenvolvendo novas competências para que a economia circular seja implementada sem gargalos, com menos desperdício e de forma ampla, justa e lucrativa.